3.3. Mecanismos do Solo Reforçado em Muros e Taludes
A Figura 16 da BS 8006 (1995) mostra um talude com inclinação bs, constituído de solo seco não coesivo, com bs maior que o ângulo de atrito interno (obtido no ensaio de resistência ao cisalhamento) do solo. Sem a introdução de um reforço esse talude não seria estável e romperia.
Pesquisa sobre o mecanismo básico de solo reforçado mostrou que o solo no talude se divide em duas partes distintas, mostradas na Figura 16: a parte ativa e a parte resistente. Quando não há reforço, a parte ativa é instável e tende a se deslocar para fora e para baixo, em relação à parte resistente.
Se o reforço de geossintético for instalado unindo as partes ativa e resistente, haverá estabilização da parte ativa. Embora uma estrutura de solo reforçado contenha várias camadas de reforço, a única camada mostrada na Figura 16 serve para ilustrar o mecanismo básico envolvido nesse tipo de solução. A camada de reforço dessa figura possui um comprimento Laj no interior da parte ativa e Lej no interior da parte resistente.
O comportamento do solo reforçado será afetado pelas propriedades do reforço. Reforços flexíveis fornecerão estabilidade para uma massa de solo reforçado pela transferência de forças desestabilizadoras da parte ativa para a parte resistente, onde elas serão absorvidas com segurança. Nesse processo, cargas de tração puramente axiais serão absorvidas, ou dissipadas, pelo reforço flexível.
Apesar de o reforço desenvolver uma aderência e ter rigidez à tração adequadas, ele absorverá as deformações de tração desenvolvidas na parte ativa do solo. Essas deformações de tração serão transferidas do solo para o reforço através do mecanismo da interação solo-reforço. As deformações desenvolvidas no reforço, na parte ativa, darão origem à força de tração corresponde no reforço nesta parte.
Se o comprimento total do reforço for limitado a Laj (Figura 16), a carga transferida do solo para o reforço na parte ativa não conseguiria impedir a ruptura dessa parte. Para que não haja ruptura, o comprimento do reforço deve ser acrescido do comprimento Lej, embutido no interior da parte resistente. Desde que o reforço tenha resistência à tração suficiente para suportar as cargas de tração absorvidas da parte ativa, este irá transferi-las para o solo na parte resistente. Como na parte ativa, a carga da parte resistente é transferida do reforço para o solo pelo mecanismo da interação solo-reforço. A carga de tração atuante no reforço no comprimento Lej não é constante e diminui na direção da extremidade livre afastada da face do talude à medida que a carga é transferida para o solo. Na extremidade livre do reforço na parte resistente, a carga de tração no reforço é zero.Os reforços flexíveis são incorporados ao aterro durante a construção, e as camadas do reforço são horizontais.