3.4.5.3. Avaliação da Estabilidade Interna

Como explicado no item 3.3 - Mecanismo do solo reforçado em muros e taludes - e mostrado na Figura 16, a massa de solo pode ser dividida em duas regiões: parte ativa e parte passiva, numa estrutura de solo reforçado, com face vertical ou inclinada e em taludes reforçados. A parte ativa está localizada imediatamente atrás da face do muro. Nessa região, o solo está tentando se mover para fora da estrutura e as tensões provocadas por esse movimento devem ser resistidas pelo reforço. Essas tensões no reforço são transferidas para a parte resistente, onde as tensões de cisalhamento do solo são mobilizadas na direção oposta, para evitar o arrancamento dos reforços. Na Figura 16 pode-se identificar essas duas regiões, nas quais o reforço é o responsável por manter as duas partes unidas.


A demarcação entre essas duas partes é importante, porque a linha divisória determina os pontos de tensão de tração máxima nos reforços e corresponde à superfície potencial de ruptura no interior da massa de solo reforçado. A localização dessa superfície de ruptura não é bem definida para os diferentes tipos de reforços usados. Alguns projetos utilizam a superfície de ruptura de Rankine iniciando na base da estrutura e estendendo-se até a superfície do terreno, formando um ângulo de 45 + f/2 com a horizontal. Outros projetos usam a superfície bilinear para aproximar de uma superfície curva. A Figura 26 mostra as superfícies potenciais de ruptura citadas.

Uma superfície de ruptura simples pode ser definida para projetos de estruturas reforçadas com solo importado para o aterro, porque o material é relativamente homogêneo e o espaçamento dos reforços é uniforme. Ao contrário, o uso de solo local origina um aterro heterogêneo. Por isso, a geometria vertical do sistema reforçado e o espaçamento horizontal varia consideravelmente para cada local, o que torna difícil a predeterminação da forma da superfície potencial de ruptura.

Por essa razão os projetos de taludes e estruturas reforçadas devem ser baseados na análise da estabilidade geral, considerando superfícies potenciais de ruptura que cruzam os reforços, Figura 26. Várias superfícies de ruptura devem ser analisadas, e a superfície potencial de ruptura deve ser definida como a que apresenta o menor fator de segurança.

A base para a avaliação da estabilidade interna é a correta determinação do espaçamento e dos comprimentos dos reforços, para que sejam satisfeitas as condições de tensões de tração e de arrancamento compatíveis com a resistência do reforço e com as condições-limite de adesão solo-reforço, respectivamente.

Uma consideração muito importante na estabilidade interna diz respeito à durabilidade, devido à perda de resistência do reforço ao longo do tempo. A deterioração do reforço pode resultar do “creep” e do ataque químico e biológico dos diferentes polímeros constituintes do reforço. A prática corrente para prevenir a ruptura resultante da deterioração do reforço inclui a proteção do geotêxtil e da geogrelha dos raios ultravioleta (para os quais o projeto deve recomendar que sejam protegidos ou armazenados em local fechado), e projeto com níveis de tensão reduzidos, para minimizar o efeito do “creep” nesses geossintéticos.

Veja nos próximos documentos os itens de análise detalhados.


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